Kitesurfista resgata Bicho-preguiça em pleno mar
Bicho-preguiça encontrado por praticante de Kitesurf em pleno mar é solto após período de reabilitação no Instituto Argonauta
O animal foi resgatado pela equipe de campo do Instituto, que trabalha para a preservação da fauna costeira desde 1998, atuando nas regiões da Ilhabela, Ubatuba, Caraguá e São Sebastião
Há cerca de quinze dias (05/06), o Instituto Argonauta recebeu um chamado um tanto inusitado: o surfista de Kitesurf Renato Tavolaro Casimiro de 43 anos, havia encontrado um bicho-preguiça (Bradypus variegatus), em pleno mar. Na ocasião, o mamífero espumava pela boca dando sinais de afogamento.

Renato Tavolaro Casimiro salvou o bicho-preguiça. Foto: divulgação.
"Quando o recebemos, o animal demonstrava muita dificuldade em respirar. O primeiro procedimento feito foi para dilatar os pulmões e facilitar a respiração", explica a veterinária Marina Sanches. De acordo com a profissional, bastou um dia para que o animal voltasse a se alimentar normalmente. No cardápio, muitas folhas de embaúba.
A evolução do quadro do animal foi positiva e diante de um comportamento normal, se alimentando bem e totalmente recuperada (é uma fêmea) do afogamento, hoje – há pouco mais de duas semanas sob observação – o animal ganha novamente a liberdade, na mesma região em que foi resgatado: a Praia da Tabatinga, em Caraguatatuba (SP).

Bicho-preguiça rumo a liberdade. Foto: divulgação.
"O fato é extremamente inusitado já que o bicho-preguiça é um mamífero terrestre e tem o hábito de nadar em águas doces ocasionalmente. Mas, neste caso, foi encontrado em pleno mar", conta Carla Beatriz Barbosa, bióloga e coordenadora no Instituto Argonauta. Segundo a bióloga, o mais provável é que o bicho tenha sido levado pela correnteza de algum rio em direção ao mar.
O praticante de Kitesurf (modalidade exercida bem após a faixa de rebentação) ficou surpreso quando encontrou o animal no mar e imediatamente, avisou os colegas que estavam em embarcação próxima. Depois de tirar o animal da água a reação seguinte foi entrar em contato com o Instituto.
Com o celular, o surfista comunicou a ocorrência aos técnicos do Instituto, que depois de resgatado, passou a ser assistido pela equipe técnica do Argonauta. Apesar de não entrar na categoria de animal aquático, o bicho-preguiça foi tratado pela equipe da Instituição.

Bicho-preguiça minutos após resgate na Praia da Tabatinga. Foto: divulgação.
Hugo Gallo, oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta explica que a proposta do CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres) é dar total apoio à fauna aquática, mas o suporte para outras famílias e grupos de animais não pode ser negado em hipótese alguma.
"Atualmente, atendemos exclusivamente a fauna marinha. Porém, o Instituto Argonauta também presta atendimento e encaminha outros tipos de animais, como o caso do bicho-preguiça, para os órgãos responsáveis", explica Gallo.
Em tratamento no CETAS de Ubatuba desde o dia da ocorrência, o bicho-preguiça permaneceu sob os cuidados do time de técnicos do Instituto Argonauta.
Uma das principais ameaças à espécie é o desmatamento, muitas vezes motivado pela especulação imobiliária.

Bicho-preguiça já na Embaúba, em seu habitat natural. Foto: divulgação.
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Sobre o Instituo Argonauta
O Instituto Argonauta para a Conservação Costeira e Marinha é uma organização não governamental sem fins lucrativos (ONG), fundada em julho de 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba e reconhecida em 2007 como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Criado com o objetivo de incentivar, promover, desenvolver e apoiar a cultura, educação, pesquisa e conservação ambiental.
O Instituto Argonauta criou e mantém o CETAS, centro que atua no resgate, reabilitação e reinserção da fauna aquática nas regiões da Ilhabela, Ubatuba, Caraguá e São Sebastião.
Por Janaína Pedroso Sousa
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