
Maya Reis em uma sessão noturna na piscina de ondas
São Paulo, abril de 2025 – Enquanto o futebol brasileiro debate os impactos dos gramados artificiais no desempenho dos atletas, o surfe trilha um caminho diferente: as ondas artificiais estão cada vez mais presentes na rotina dos surfistas, proporcionando condições de treino mais previsíveis e consistentes. O crescimento do número de piscinas de ondas vem transformando a preparação de competidores e até mesmo o circuito mundial da modalidade, que já conta com etapas realizadas nessas estruturas. No Brasil, essa evolução avança rapidamente: em 2024, o país contava com três piscinas de ondas, e em 2025 esse número dobrará com a inauguração de novas unidades.
Com a crescente popularidade do surfe e sua consolidação como esporte olímpico, a busca por alternativas que garantam treinos regulares e de alto nível impulsiona a construção desses complexos. Globalmente, a tecnologia das piscinas de ondas tem permitido que surfistas aprimorem suas habilidades sem depender das condições climáticas variáveis. No Brasil, os investimentos nesse setor podem alcançar cifras bilionárias, com projetos que chegam a R$ 1 bilhão para a construção de um único complexo de ondas artificiais.
Para os atletas, as vantagens são evidentes. A jovem surfista Maya Reis, de 12 anos, integrante da equipe Ursofrango, uma aceleradora de atletas de modalidades radicais, já incorpora treinos em piscinas de ondas em sua preparação e destaca o impacto positivo na sua evolução técnica.
“Treinar em uma piscina de ondas me permite repetir manobras e aperfeiçoar minha técnica sem depender das variações do mar. No surfe de competição, as condições naturais podem prejudicar até mesmo os atletas mais experientes, como aconteceu com o Gabriel Medina nas últimas Olimpíadas. Ter espaços como esse para treinar nos coloca em um patamar mais competitivo”, explica Maya.
A importância das piscinas de ondas, no entanto, vai além do rendimento. Essas estruturas ampliam o acesso ao surfe para quem não vive no litoral ou busca iniciar no esporte de forma mais segura e estruturada. Stefan Santille, fundador da Ursofrango, teve seu primeiro contato com o surfe em uma dessas piscinas e reforça o impacto positivo da tecnologia.
“Eu sempre busco experimentar novas modalidades, e aprender a surfar em um ambiente controlado foi uma experiência incrível. Essas piscinas democratizam o esporte, permitindo que mais pessoas tenham acesso ao surfe e possam evoluir sem depender do mar”, comenta Santille.
Com o avanço das tecnologias e os investimentos crescentes nesse setor, o Brasil se posiciona como um dos protagonistas na expansão das piscinas de ondas. Essa evolução promete não apenas impulsionar a prática do surfe, mas também elevar o nível dos competidores nacionais no cenário internacional.
Sobre a Ursofrango
A Ursofrango é uma gestora de atletas e venda de produtos de streetwear para o público voltado aos esportes radicais e moda urbana, que reverte o lucro da venda das peças aos atletas do time da marca. A empresa, que começou com vestuário, percebeu uma grande lacuna diante do processo complexo de profissionalização de esporte radicais no Brasil e efetivou, de forma pioneira no país, um formato de gestão de carreira, possibilitando que talentos tenham a chance de progredir no esporte.