O surfe, modalidade que hoje é protagonista do esporte brasileiro, sobretudo com a ascensão dos fenômenos do “brazilian storm” — atletas campeões mundiais e medalhistas olímpicos — pode se tornar Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial da cidade do Rio de Janeiro. Nesta quarta-feira (21/08), a Câmara dos Vereadores aprovou o Projeto de Lei nº 1854/2016, que concede o status a esta atividade que já faz parte do cenário das praias e do estilo de vida do carioca há mais de 60 anos. Agora, o texto vai para a sanção ou veto do poder executivo.
O surfe hoje é um dos esportes náuticos mais praticados no mundo, cenário que não é diferente na cidade do Rio. A justificativa do projeto acrescenta ainda que a iniciativa tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento da modalidade na cidade. O surfe estreou recentemente nos Jogos Olímpicos. A primeira competição da modalidade foi durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, onde o Brasil faturou a medalha de ouro com Ítalo Ferreira. Agora, nas Olimpíadas de Paris mais duas medalhas: o bronze, de Gabriel Medina; e a prata de Tatiana Weston-Webb.
A cidade do Rio já recebeu diversas etapas do campeonato mundial de surfe desde os anos 1970. As praias do Postinho e do Pepê, na Barra da Tijuca, Grumari, também na Zona Oeste, e Arpoador, em Ipanema, são algumas delas. Já foram campeões em águas cariocas surfistas lendários como Filipe Toledo, Adriano de Souza (Mineirinho), Kelly Slater, John John Florence e Mick Fanning. Com o surgimento de ídolos como Gabriel Medina, Ítalo Ferreira e Tati Weston-Webb, por exemplo, as escolinhas têm ganho cada vez mais popularidade.
A ligação da cidade com o surfe envolve, inclusive, a fé. Isso porque o primeiro santo carioca pode ser um surfista. Guido Schäffer, médico e seminarista morto há 15 anos enquanto surfava no Recreio dos Bandeirantes, está em processo de beatificação e já recebeu do Vaticano, no ano passado, o título de venerável. A ele são atribuídos milagres e curas.
Pranchas improvisadas
Os primeiros indícios da chegada do surfe na cidade remetem às décadas de 1940 e 1950, quando alguns cariocas já eram vistos sobre tábuas de madeira improvisadas deslizando sobre as ondas da Praia do Arpoador. Na década de 1960, o esporte começou a dar importantes passos rumo a uma profissionalização maior. Em 1965, foi criada a Federação Carioca de Surfe, que organizou as primeiras competições. E foi também nesse ano que era aberta primeira fábrica de pranchas do país, a carioca São Conrado Surfboard, que introduziu as primeiras pranchas de fibra de vidro.