O surfista profissional do Guarujá, Victor Bernardo, 24 anos, teve como um dos pontos altos de sua carreira o título de campeão Brasileiro Pro-Junior 2013, aos 16 anos, em uma época em que a competição era aberta para surfistas de até 21 anos. O título foi conquistado disputando baterias com nomes que hoje fazem parte da elite do surfe mundial, entre eles Ítalo Ferreira e Caio Ibeli. Versátil, estiloso e veloz, Victor segue determinado a chegar a seu principal objetivo como surfista profissional: fazer parte da elite do surfe mundial, o Champisonship Tour (CT). Na entrevista abaixo o local do Guarujá fala sobre preparação, preconceito, competições, entre outros assuntos. Vale o drop!
Gerson Filho: Fale sobre sua rotina de treinamentos atualmente?
Victor Bernardo: Minha rotina de surfe ultimamente tem sido bem corrida. Tenho surfado bastante e tentando dar uma grande atenção à parte física e treinando bastante, tentando passar o máximo possível de tempo na água. Assim eu consigo melhorar nos aspectos nos quais preciso evoluir.
Gerson Filho: Qual foi o resultado mais importante de sua carreira como surfista profissional?
Victor Bernardo: Difícil falar sobre o resultado mais importante, mas um que eu me lembro bem foi quando eu fui Campeão Brasileiro Pro-Junior, que à época era Sub-21. Enfrentei nomes importantes do surfe mundial, como o Ítalo Ferreira, Caio Ibelli, Samuel Igo, entre vários outros excelentes atletas. Lembro que foi um evento de alto nível, com atletas que são do CT, ou já haviam participado. O Jessé Mendes, que também treina com o Paulo Kid, chegou como grande favorito e eu consegui ser campeão. Houveram outros como terceiro colocado em uma etapa do QS 3000, em Durban, África do Sul, Sri Lanka, em Santa Cruz.
Gerson Filho: Você já sofreu algum tipo de preconceito por ser negro?
Victor Bernardo: Já sofri alguns tipos de preconceitos, infelizmente, dentro do surfe. Esse lance continua e é triste saber que uma pessoa se acha superior à outra apenas pela cor da pele. Eu luto contra isso e espero que não haja mais nenhum tipo de preconceito no futuro.
Gerson Filho: Quem são os surfistas que lhe inspiram?
Victor Bernardo: Na verdade me inspiro em um conjunto de surfistas. Procuro me inspirar em suas qualidades e também avaliar seus defeitos para formar a melhor linha para formar um “super herói” imaginário, eu brinco. Eu falo isso, mas se eu for citar nomes vou ficar bastante tempo falando bastante nomes. Mas alguns caras que me inspiram bastante em termos de competição seria o Adriano de Souza, o Kelly (Slater), Mick Fanning, Andy Irons.
Bernardo no Backdoor em 2018 – Triagens do Pipe Master – Foto: Poullenot/WSL
Gerson Filho: Qual seu principal objetivo como surfista profissional?
Victor Bernardo: Meu principal objetivo como surfista profissional é entrar no CT, fazer grandes resultados e ficar o máximo possível de tempo na elite. Também quero transmitir uma boa vibe, felicidade, e mostrar que o surfe é vida, e que ele não é apenas um esporte. Quero ser tratado e respeitado como um atleta.
Gerson Filho: Qual o ponto forte do seu surfe, e qual ponto em sua opinião precisa ser trabalhado?
Victor Bernardo: Não sei dizer meu ponto forte. Sei que preciso melhorar mais meus aéreos full rotations, voltar mais neles. Quero melhorar meu surfe de linha, aprimorar meu surfe de backside. Venho treinando bastante, analiso minhas imagens pós treino e acho que isso ajuda muito. Também assisto a bastante filmes de surfe para dar uma mentalizada. Quero ser um surfista bem completo, pegar ondas grandes, pegar tubos de front e de backside e não parar de evoluir.
Pegando um barrel em Pipe – Triagens do Pipe Master 2018 – Foto: Poullenot/WSL
Gerson Filho: Que tipo de preparação física você faz?
Victor Bernardo: Minha preparação é baseada em crossfit de três a quatro vezes por semana. Também gosto de fazer Pilates duas vezes por semana, pratico yoga e é isso. Acredito que um atleta bem preparado estará pronto para qualquer condição. Além da performance, o trabalho físico é muito importante para prevenir as lesões também.
Gerson Filho: Qual a principal dificuldade para um surfista se classificar para o CT?
Victor Bernardo: Acredito que a principal dificuldade de entrar no CT seja me adaptar a qualquer condição, além de fazer bons resultados consecutivamente.
Os aéreos fazem parte do cardápio de manobras de Victor – Foto: Poullenot/WSL
Gerson Filho: Qual seu tipo de onda preferida?
Victor Bernardo: Meu tipo de onda preferida é uma onda que quebre em um pico point break, tubular e longa, que proporcione várias manobras. Talvez uma piscina…( brincadeira).
Gerson Filho: O que você fez para manter o rip durante a pandemia?
Victor Bernardo: Cara me mantive focado e treinando bastante, mesmo estando em casa. Em uma parte da pandemia o surfe ficou proibido em minha cidade. Claro que a pandemia ainda está aí, tem muita gente morrendo, mas acredito que está acabando. Deixou aqui meus sentimentos a todos que perderam familiares, amigos e pessoas próximas.
Gerson Filho: Acredita que essa parada forçada por conta do COVID-19 foi boa ou ruim para os atletas, incluindo você?
Victor Bernardo: Essa parada forçada do Circuito tem seu lado bom e seu lado ruim. Eu prefiro enxergar o lado bom. Tenho testado bastante minhas pranchas, treinado bastante técnicas de competição, além de fazer um trabalho com um coaching, procurando melhorar como atleta e como pessoa. Tem sido muito bom pois estou bem focado e pronto para o que vier. A primeira etapa que irei correr pós pandemia será no Equador.
PERFIL:
Nome:Victor Bernardo
Idade: 24 anosQuiver da Snapy Surfboards
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