Um ano após registrarem uma das fotos mais icônicas de 2023, que eternizou o eclipse solar com Italo Ferreira e sua prancha em alusão ao primeiro ouro olímpico da modalidade, o surfista campeão e o fotógrafo Marcelo Maragni, se uniram novamente para capturar um outro fenômeno raro: a passagem do cometa “2023 A3 Tsuchinshan-Atlas”. Conhecido como o “cometa do século”, segundo cientistas, este corpo celeste passou pela Terra pela última vez há 80 mil anos, oferecendo uma oportunidade única para a dupla fazer história mais uma vez.
O registro foi feito a partir do Nordeste do Brasil, em Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, estado Natal do campeão mundial e olímpico de surfe. “Eu sou apaixonado por fotografia. Eu tenho muitas ideias na minha cabeça e sempre que o Maragni aparece com algo ainda melhor eu quero fazer, porque transmite justamente o meu espírito de ir além. Eu sou assim no esporte com o meu estilo de surfar e também na vida. É uma maneira de mostrar que o esporte está conectado com tudo no universo”, comenta Italo.
Maragni, fotógrafo da Red Bull, compartilhou a complexidade do projeto que desta vez foi feito durante a noite e, claro, o entusiasmo em trabalhar com Italo. “Fazer essas fotos icônicas com o Italo está virando uma tradição, o que é muito legal. Ele é um atleta que gosta de criar imagens marcantes e sempre abraça as ideias, querendo participar de todo o processo,” afirmou.
Técnica e testes
Para registrar o cometa, Maragni utilizou uma técnica de longa exposição e ajustes de ISO (sensibilidade da câmera à luz) e “congelando” Italo com um flash lateral, superando desafios como a interferência da luz da lua crescente e nuvens baixas na altura do horizonte do céu nordestino. “Eu queria fazer tudo em um frame (quadro/imagem) só, sem pós-produção, como fizemos no eclipse. Fotografar um cometa é muito mais complexo do que parece, especialmente quando buscamos autenticidade,” explicou o fotógrafo.
A diferença entre a produção de Maragni com um registro direto como o realizado com Italo é que os fotógrafos de astronomia “geralmente fotografam esses corpos celestes empilhando uma sequência com centenas de fotos buscando captar mais luz e detalhes do cometa em movimento, justamente por estarem muito distantes da terra”, acrescenta Maragni.
O processo, que envolveu dois dias de tentativas, teve ajustes de lentes e técnicas. No primeiro dia, o resultado não foi satisfatório, com o cometa ficando fora de foco em relação a Italo. Após ajustes, a dupla voltou ao local no dia 14 de outubro, exatamente um ano depois da foto do eclipse, capturando a imagem desejada, com ambos, surfista e cometa, em perfeita harmonia.
Segundo cientistas, o cometa ficou mais “perto” da terra – cerca de 70 milhões de quilômetros, desde a última semana, facilitando a observação a partir do Hemisfério Norte com velocidade superior a 290 mil quilômetros por hora “Ao perceber que esse cometa passaria tão próximo da Terra e lembrando do eclipse que fizemos ano passado, imaginei que poderíamos repetir o feito e registrar outro momento histórico,” concluiu Maragni. O cometa “2023 A3 Tsuchinshan-Atlas” foi identificado pela primeira vez por equipes do Observatório Tsuchinshan da China.