Kelly, pela enésima vez, deu sua resposta, de dentro da agua, na onda mais difícil e perigosa de surfar dos circuitos mundo afora, a temida Teahuppo, para quem acha que deveria ter parado.
Foi ate as quartas e perdeu quando estava vencendo com duas notas excelentes ate o finalzinho, quando seu oponente, um novato Marroquino chamado Ramzi Boukhiam, recebeu uma solitária onda perfeita, que foi muito bem surfada por ele, lhe dando a virada e a vitória.
A etapa de Tavarua, em Fiji, vem ai, em agosto próximo, e Kelly será, ou melhor, continuará sendo um dos favoritos a vencer, uma sina que se repete -e persiste- por mais de 30 (trinta!!) anos!
Mas voltando ao que aconteceu no mar do ano, em Teahuppo, no Tahiti; A outra bateria destaque das quartas foi a do Medina que fez a melhor média de todas (e do evento) com dois 10.
Bom, na verdade, um segundo 10 não foi dado, pois a média de sua segunda melhor, nota que incluia um 10 de um dos jurados, deu nove e oitenta e tanto, apesar desta segunda ter sido um tubo mais profundo e mais difícil tecnicamente…
Na semi final, aclamada como final antecipada, do Medina contra o John John, vieram ondas exelentes, mas poucas séries. Numa destas, raras, o Brasileiro fez o melhor tubo do evento mas o foam ball(espuma do tubo) o derrubou no finalzinho. Caso contrário seria o finalista.
Quem decidiu o evento foi Netuno.
A sorte no recebimento da onda durante a prioridade e não a escolha das ondas foi o que definiu os vencedores das baterias, (todas bem parelhas)e o campeão.
Foi neste contexto que Kelly perdeu nas quartas, que Medina perdeu na semi e que John John pedeu na final.
Aqui, me obrigo, óbvio, a falar do vencedor de ondas as suas baterias, o campeão desta inesquecível etapa, Italo Ferreira.
Ele é um Adriano Mineiro melhorado, por ser mais radical nos aéreos insanos e rara colocação nos tubos, so não tem a mesma consistência, linearidade e resiliência do inesquecível campeão mundial Adriano de Souza, capitão do Brazilian Storm.
Discriminados, aqui e acolá, ambos, mesmo tendo, cada um, um titulo mundial em suas cabeceiras cheias de troféus; Pois fazem parte da geração “Brazilian Storm” e assim como o Jadson, Caio, Yago, DVD, os irmãos Pupo, e o João Chianca, tem que dividir os holofotes e os torcedores Brasileiros com os consagrados Toledo, bi campeão mundial e o Medina, que é tri!
Para mim, ninguém é mais sub notado do que o Italo no circuito.
O titulo mundial, o ouro olimpico e as etapas do Pipe Masters, em 2019, e, esta última, em teahuppo, foram vencidos na marra do brabo, deram-lhe os títulos porque não tinha como não dar, venceu mesmo subnotado, como na final do recente Teahuppo.
Um surfista com estes títulos acima tem que ter um diferencial.
Aliás, cada um dos tops que tem um título mundial na sala de casa tem uma virgula de diferença.
Pode reparar, vendo as baterias do último evento(épico) de Teahuppo!
A virgula do Ferreira foi, e é, seu posicionamento, na agua e na onda.
O potiguar voou baixo, por baixo de lipes da grossura do concreto de um túnel sobre uma montanha e mereceu vencer o mitológico evento – na vírgula- e por ter sido escolhido por Netuno.
Italo Ferreira, por ser o atual campeão olímpico e por ter vencido no mesmo palco marítimo onde acontecerão as disputas do surf nas olimpiadas, em poucas semanas, deveria ser, incontestavelmente, o favorito a ganhar o ouro olímpico; De novo!! Mas não estará lá, para tentar o bi-olímpico como favorito pois não foi classificado (sic) para tanto.
Em contra partida, esta vitória e o novo técnico o recolocaram de volta entre os tops do campeonato mundial, lugar de onde não deveria ter sido retirado!
O Brabo ta de volta, com vontade de ser bi campeão mundial, visto que bi olimpico não mais será, e isto é algo que so depende dele… de mais ninguem…
Impossível deixar de falar da nossa Tatiana.
Ela tirou um 10, unânime, em uma onda que vc pode contar nos dedos quantos surfistas homens, em todo o mundo, que teriam coragem para dropar e técnica para atravessar por dentro de uma besta daquele tamanho, um tubo tão gigantesco que caberia um caminhão de seis eixos dentro e que ela atravessou com rara técnica e raça, pois o insano drop foi desgarrando.., em um despencar inominável.
Se ela erra, cai ou se posiciona alguns centímetros mais para o lado e aquele lipe bate em sua cabeça, esta seria (literalmente) arrancada!
A força daquele lipe , acredite, é medida por toneladas de peso+força.
E aqui, também, cabe uma ressalva alusiva ao título deste artigo.
A motivação da Tatiana para remar tão para trás e dropar no limite do limite daquela besta aquática foi estar competindo contra uma local, que era favorita por ser especialista naquela onda, mas que não esta no grupo que compete no circuito mundial. Competiu pois ganhou um convite. Toda etapa tem convite para locais do point.
E muita gente é contra estes convites pois acham que estes convidados acabam vencendo baterias e eliminando da etapa e “prejudicando” as que competem no circuito mundial.Foi o que houve com nossa Tati que, mesmo com um 10 unanime, não conseguiu uma segunda nota alta e perdeu para a local Vahine Fierro, que acabou vencendo a etapa.
Cabem aqui duas observações:
– Se existe uma elite de atletas, homens e mulheres, super bem pagos e super bem treinados de surfistas, estes dois grupos devem ser capazes de vencer qualquer um convidado do mesmo sexo e convidados são exatamente os provocadores de superação destes da elite, literal e exatamente como houve com a Tatiana!
– E, segundo, o esportista vive de legado.
Talvez fãns e torcedores não lembrem que Tatiana Weston-Webb ja foi vice campeã mundial, que ja venceu etapas…, mas ninguem sera capaz de esquecer desta onda dez plus dela!
Tatiana escreveu esta performace no topo de seu espetacular legado.
E, aos torcedores -homens- que torciam o nariz para o surf feminino, discriminando as mulheres em ondas de consequência;So lhes resta, a partir deste evento, realinharem seus narizes de volta porque as meninas deram show de surf domando bestas insanas nas aguas da polinésia francesa.
Depois de uma performace incrivel nos tubos insanos de Teahuppo
Yago foi o personagem de destaque em El Salvador, ele esta no momento na carreira em que um atleta chega em um momento de disrupção.
Alguns, raros, transformam este momento em uma virada de paradigma na carreira e se tornam campeões mundiais.
Seu pai, Leandro Dora é um ídolo, foi exelente competidor e é considerado o melhor técnico de Surf do mundo, não a toa, fez Adriano Mineiro campeão mundial e foi contratado pelo Ian Gentil, que compete pelo Hawaii e pelo australiano Jack Robison, que aceitaram contrata-lo mesmo sabendo que não teriam exclusividade!
Mesmo com suas incontestáveis credenciais ele é o técnico do Yago mas também é o pai, e pai técnico tem muitas vantagens mas, também, desvantagens …
Sera que finalmente Leandro achou o equilíbrio?
-Porque o que fez o Yago em El Salvador não será esquecido!
Yago não ganhou mas terminou a semi com Medina em combinação na semi em ondas perfeitas de point break, depois fez a melhor nota na final, e, finda a bateria, fez John John colocar as duas maos no rosto e…, chorar de emoção, e depois confessar na entrevista que o Yago estava surfando demais e quando ouviu a nota do Yago sua primeira vitoria no ano lhe pareceu perdida.
Ninguem fez isto contra estes dois monstros do surf.
O boa praça e alto astral Yago Dora usou tinta dourada pra ratificar estes dois fatos incríveis em seu legado.
Chega em Saquarema, onde ja venceu, com energia de sobra para fazer historia.
Em se mantendo nesta energia chegara fácil na final em Trestles…, e com chance de ser campeão mundial.
Yago é (e esta) com a bola da vez.
Merecidamente!
O Brazillian Storm voltou a rufar.
Segurem as perucas..
Aloha