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Artigo Breno Sivak: corte, por que dou meus parabéns à WSL?

Escrito por

Breno Sivak

|

Publicado em:

12/05/2022

|

Atualizado em:

20/05/2022

-

12:18

|

5 min de leitura

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Jadson André conseguiu assegurar sua vaga para o CT 2022 – Foto: WSL

A WSL estava operando no vermelho, portanto tinha que, obrigatoriamente, fazer algo. Esta mudança que instituiu o corte foi genial, repito, genial. O principe ja ensinara que toda mudança de um status quo arraigado gera desconforto e protesto. Sempre foi assim. E será! O imediatismo humano tb contribui para esta cartase de reclames negativos. Surf é esporte singular que não permite comparativos aos outros.Seus fãs verdadeiros fazem parte de um conglomerado de tribos cujo mantra é não espalhar para tribo vizinha que seu quintal esta cheio de ondas – quesito crucial para a prática visto que surf não tem estadio, quadra, arena. Sua prática é na praia, aberta e livre, linda e misturada, fazendo-o depender do clima, do vento, da força e da direção das ondulações e se uma destas tantas variáveis falha – fica impraticavel surfar e competir.Dito isto, para contextualizar, adentramos na parte comercial das competições, que sempre foi enorme problema para os produtores.

João Chianca teve apresentações incríveis, mas caiu no corte da WSL – Foto: Dunbar

Sem ponto fixo e praticado em praias onde ingresso não se consegue cobrar ja começa nisto a lista dos grandes prejuizos, noves fora não gerar múltiplos milhares de empregos que os estadios comportam.
Segue a lista com a mídia. Por mais que ja se tenha tentado diminuir o tempo, toda a competição de surf acontece por tempo tão longo que inviabiliza e impossibilita de uma tv reproduzir ao vivo, na grade, o evento todo. So surfistas muito tarados para ficar varios dias e horas assistindo assiduamente os eventos, mesmo o WT, com os melhores do mundo reduzidos a um grupo com uma espetacular estrutura de suporte pois se uma das citadas variáveis falhar e as ondas ficarem ruins, por alguns dias, a produção entra em estresse máximo e se obriga a realizar a competição em condiçöes pífias.Se falarmos em audiência, a coisa fica mais grave pois o surf é o esporte preferencial de um numero porcentual da população que gosta de esportes no mundo de uma fração muito inferior a 1%. É 0, muito pouco.

Deivid Silva vai precisar se reclassificar para o CT através do Challenge Series – Foto: Dunbar

Toda mîdia é dependente de audiência.Sem afetações precisamos reconhecer que, apesar das tentativas, nunca se conseguiu criar um organograma competitivo para fazer todo um evento de surf menos longo e mais empolgante que satisfizesse não somente os tarados, mas o público que aprecia também.A tal conta que não fecha é isso ai, exposto nua e cruamente. O surf na piscina teria vindo para solucionar mas, por enquanto, a tecnologia consegue gerar uma onda pequena, igualzinhas e certinhas, boa, no máximo, para competições de seniors.Mas poderá (ou deverá) ser a solução quando evoluirem a maquina e o espaço.Ou talvez, como acontece no Voley, venhamos a ter dois mundiais de surf, sendo um de praia e outro de piscina. E, para fechar o problema da monetização da entidade, temos um detalhe trágico:o público que consome a moda surf se confunde com o moda praia fazendo com que este bilionário mercado de vestuário não retorne parte nenhuma de seus lucros (salvo empresas “raiz”do surf) para ajudar nas competições de surf, nem as locais nem as internacionais, porque eventos de surf continuam midiaticamente não producentes, sem dar retorno ou com retorno dúbio pelo viés do consumo do grande publico – que são os simpatizantes do surf e, consequentemente, da moda surf criando um novo boom ou blast para motivar os grandes patrocinadores chamados multinacionais para os eventos internacionais e os patrocinadores médios, nacionais, para os, também cruciais, eventos locais a investir no surf!

Caio Ibelli começou o ano como wildcard e conquistou sua vaga para o CT 2023 – Foto: Dunbar

Portanto, temos que parabenizar a coragem da WSL por tentar inovar. Criar algo novo quebrando o antigo modus operandi das competições. Seguiram o conselho de Chaplin.Nada se cria, tudo se copia.Tiraram um pouco de cada um dos esportes individuais, e ate de coletivos, para criar este novo formato que veio para ficar e se ratificará com naturais ajustes depois desta fase inicial. Para os brasileiros entenderem basta lembrar que ate a pouco tempo so caiam dois clubes da primeira divisão do futebol.Quando passaram a cair quatro, teve gritaria contra de todos os cantos, dirigentes foram ameaçados de morte, …etc… Mas o campeonato Brasileiro, a partir de então, multiplicou a audiência e o interesse dobrou. Os tantos times que do meio para o final da competição estavam no meio da grande tabela se motivavam apenas a se manter por ali.Com quatro por cair a motivação ficou constante para todos os simpatizantes durante todo o campeonato com times na parte de baixo da tabela, sem chance de titulo, trocando treinador e pagando premios altíssimos a seus jogadores para lutar ate a morte nas últimas partidas para o clube não cair gerando empolgação e muita mídia tanto para os tantos clubes brigando pelo título quanto os tantos brigando para não cair com torcidas e comentários empolgados gerando muita mídia e audiência, como, por exemplo, jogos onde o apoio da torcida para não cair gerando mais público e renda maior do que os que disputavam as primeiras colocações.

Conner Coffin não se classificou pelo CT e agora corre atrás do preju no Challenge Series – Foto: Dunbar

Isto não é um comparativo mas um exemplo de que mudanças no esporte são necessárias ate que se consiga a solução ou, pelo menos, uma situação ou status melhor do que a anterior.O nome disso é progresso.E progredir no amanhã em relação ao ontem é sua obrigação se voce, ou sua entidade, se propõe a produzir algo no âmbito esportivo.Os novos gestores e o novo CEO da WSL colocaram muito dinheiro na frente. E querem retorno sim.Mas pra isto precisam sair, primeiro, do vermelho. E salvar o surf competição mudando o jeito que não dava mais certo.Algo urgente precisava ser feito.Injusto acusa-los pois não foram ditatoriais.

Jackson Baker triste após perder a vaga para o CT 2023 – Foto: Dunbar

Fizeram extensos brainstorms.Consultaram o G.O.A.T e os atletas da elite, pediram ajuda e ouviram opiniões antes de decidir pelo corte que foi, de longe, a melhor das opções sobre a mesa. Sim, apesar de avisados, o corte “tirou” alguns, me recuso a usar a palavra “prejudicou” pois não foi o que ocorreu, não mesmo. Mas isto foi compensado com um Challenge que, diferente do que ocorria anteriormente com o QS (conhecido como segunda divisão), pois o esquema novo motivou quase toda a tropa de elite do WT a correr o Challenge, ou seja, não pode ser chamado de segunda divisão. Isto é um inegável gol de placa.

 

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