O saquaremense João Chianca, 22 anos, e a californiana Caitlin Simmers, de apenas 16 anos, festejaram suas primeiras vitórias no World Surf League (WSL) Championship Tour (CT), em Portugal. O MEO Rip Curl Pro apresentado por Corona foi encerrado em um mar épico na terça-feira, em Supertubos, com Chumbinho surfando tubos espetaculares na final com o líder do ranking, Jack Robinson, 25 anos, da Austrália. E a jovem Caitlin, bateu a experiente Courtney Conlogue, 30 anos, na decisão norte-americana, que fechou a terceira etapa da temporada 2023. A próxima é o Rip Curl Pro Bells Beach, nos dias 4 a 14 de abril, na Austrália.
“É muito difícil explicar o que estou sentindo nesse momento”, disse João Chianca, depois de vibrar bastante com a torcida, que lotou a praia de Supertubos na terça-feira. “Tinha altas ondas e, 5 minutos depois que entrei na bateria, me dei conta de como eu amo tudo isso que o surfe me proporciona. Foi só tubos perfeitos e o Pinga (Luiz Henrique, seu técnico) tinha me falado para ter calma e curtir todo o processo, porque minha hora ia chegar. Podia ser hoje, ou algum outro dia, mas ia chegar. E foi hoje, meu momento chegou”.
As condições do mar estavam excelentes na terça-feira em Supertubos. Tanto que a direção técnica da WSL, decidiu fechar o MEO Rip Curl Pro Portugal utilizando o sistema “overlapping heats”, com duas baterias sendo disputadas simultaneamente, desde as oitavas de final até as semifinais. Foi a primeira vez que isso aconteceu na história do Championship Tour. No total, foram 22 baterias disputadas, incluindo um intervalo de 1h00 por causa da maré. E João Chianca comandou o show nos tubos na hora mais decisiva do campeonato.
BATENDO RECORDES – Na semifinal com o australiano Callum Robson, que já tinha conseguido a primeira nota 10 do CT 2023 num tubaço surfado na repescagem e 9,57 na quarta de final contra Samuel Pupo, Chumbinho fez um novo recorde de 17,10 pontos, com o 9,43 recebido no melhor tubo. Ele bateu os 17,00 do defensor do título da etapa portuguesa, Griffin Colapinto, quando eliminou o tricampeão mundial Gabriel Medina nas oitavas de final.
Na decisão do título, João Chianca não deu qualquer chance para o líder do ranking, Jack Robinson, que impediu uma segunda final brasileira em Supertubos, ao derrotar Yago Dora na semifinal. O australiano surfou o primeiro tubo da bateria, mas o do Chumbinho foi melhor e valeu 7,83. Depois, surfou mais dois tubaços de frontside nas direitas, já aumentando seu próprio recorde de 17,10 para 17,57 pontos, com as notas 9,07 e 8,50 que recebeu. Ele ainda pegou outro incrível de backside numa esquerda, mas acabou descartando a nota 8,13.
Só no final da bateria, Jack Robinson reagiu surfando um tubão nota 8,97, mas era tarde e João Chianca derrotou o australiano por 17,57 a 15,14 pontos. Curiosamente, a primeira vitória da carreira do Chumbinho em etapas do CT, aconteceu em Portugal, onde seu irmão mais velho, Lucas Chumbo Chianca, reina nas ondas gigantes de Nazaré. A torcida que lotou a praia, vibrou intensamente com a vitória de João Chianca sobre Jack Robinson.
“Eu sabia que tinha altas ondas, com oportunidades para tirar notas altas. Então, depois que peguei o primeiro tubão, entrei no ritmo das séries e consegui aproveitar ao máximo”, disse João Chianca, que tirou a segunda posição no ranking do campeão mundial Filipe Toledo, com a vitória em Portugal. No ano passado, Chumbinho acabou saindo da elite no corte do meio da temporada, agora chega na Austrália já praticamente garantido entre os 22 que permanecem disputando a segunda metade do CT e na briga direta pelo título mundial.
“Tem tantas coisas ruins, negativas, que podem acontecer para qualquer um, mas eu precisava continuar fazendo as coisas certas. Então, tentei usar essas experiências e transformar em uma perspectiva positiva”, disse João Chianca. “Desde que eu me qualifiquei pro CT, eu sonhava com a primeira vitória. No ano passado não fui bem aqui e tava com uma sensação meio estranha vindo pra cá. Mas, estava totalmente errado e hoje é o dia mais incrível da minha vida. Vai ser inesquecível e eu amo Portugal”.
DOMÍNIO BRASILEIRO – Até o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, foi abraçar João Chianca quando ele chegou na arena do evento, carregado pela torcida desde que saiu do mar. Esta foi a sexta vitória brasileira em 13 edições da etapa portuguesa em Supertubos, contra quatro da Austrália, duas dos Estados Unidos e uma do Havaí. A primeira foi em 2011, com Adriano de Souza derrotando Kelly Slater. A segunda com Filipe Toledo em 2015, depois Gabriel Medina em 2017, Italo Ferreira sendo bicampeão em 2018 e 2019 e agora foi João Chianca quem levantou o troféu de campeão do MEO Rip Curl Pro Portugal 2023.
O Brasil também segue dominando o ranking mundial. Entre os top-5 que vão disputar o título mundial no Rip Curl WSL Finals em Trestles, na Califórnia, três são da seleção brasileira. João Chianca é o novo vice-líder, com Filipe Toledo em terceiro lugar e Caio Ibelli em quarto. As exceções são o australiano Jack Robinson na liderança e o norte-americano Griffin Colapinto na quinta posição. Mas, tem mais brasileiro se aproximando para brigar pelas cinco vagas, com Yago Dora subindo para o sétimo lugar e Gabriel Medina na nona colocação.
BRASILEIRA NAS TOP-5 – A brasileira Tatiana Weston-Webb também já está entre as top-5 do feminino. Ela tentava o bicampeonato no MEO Rip Curl Pro Portugal, nas quartas de final bateu a nova líder isolada do ranking, Molly Picklum, mas acabou perdendo no último minuto da semifinal, para a norte-americana Courtney Conlogue. Apesar de ter ficado em terceiro lugar em Portugal dessa vez, Tatiana saltou da nona para a quinta posição no ranking.
Essa foi a sua 18.a derrota para Courtney em baterias do CT. A brasileira só ganhou 7 e a última foi em 2021 na etapa de Maui, no Havaí. A experiente californiana chegou favorita na final, principalmente depois da nota 9 recebida no tubo que surfou logo no início da bateria. Mas, depois não conseguiu achar mais ondas boas e a jovem Caitlin Simmers acabou vencendo o MEO Rip Curl Pro Portugal por 13,50 a 12,83 pontos, somando notas 7,17 e 6,33.
“Eu realmente nem consigo acreditar que venci”, disse Caitlin Simmers. “Quando eu vi a Courtney (Conlogue) surfar aquele tubo, fiquei tipo OK, só está começando. Eu tentei de tudo, fiquei remando pra cima e pra baixo na praia, para encontrar boas ondas, então aconteceu e estou muito, muito feliz. Este é meu tipo de onda favorito, surfo beack breaks (praias com fundo de areia) praticamente todos os dias e só tenho que agradecer a todos aqui em Portugal”.
Com a vitória em Portugal, Caitlin Simmers, que estava empatada em nono lugar no ranking com Tatiana Weston-Webb, agora divide a vice-liderança com a pentacampeã mundial, Carissa Moore. A australiana Molly Picklum vai usar sozinha a lycra amarela de número 1 da WSL na próxima etapa patrocinada pela Rip Curl, em Bells Beach. E outra australiana completa o grupo das top-5, a bicampeã mundial Tyler Wright, na quarta posição.
O MEO Rip Curl Pro Portugal apresentado por Corona foi realizado com patrocínios da MEO, Rip Curl, Corona, YETI, Shiseido, Red Bull, Craft 1861, True Surf, Portugal Tourism, EDP, Millennium Bank e Hertz, com toda a competição sendo transmitida pelo site da WSL e Aplicativo e Canal da WSL no YouTube. No Brasil, todas as etapas do World Surf League Championship Tour também passam ao vivo nos canais SporTV e no Globoplay.
RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA DO MEO RIP CURL PRO PORTUGAL:
Campeão: João Chianca (BRA) por 17,57 pts (9,07+8,50) – US$ 80.000 e 10.000 pts
2.o lugar: Jack Robinson (AUS) com 15,14 pts (8,97+6,17) – US$ 45.000 e 7.800 pts
SEMIFINAIS – 3.o lugar com US$ 25.000 e 6.085 pontos:
1.a: João Chianca (BRA) 17,10 x 10,17 Callum Robson (AUS)
2.a: Jack Robinson (AUS) 16,17 x 12,40 Yago Dora (BRA)
QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar com US$ 16.000 e 4.745 pontos:
1.a: João Chianca (BRA) 13,00 x 12,27 Connor O´Leary (AUS)
2.a: Callum Robson (AUS) 15,40 x 14,33 Samuel Pupo (BRA)
3.a: Jack Robinson (AUS) 13,50 x 5,67 Rio Waida (IND)
4.a: Yago Dora (BRA) 11,33 x 7,47 Griffin Colapinto (EUA)
OITAVAS DE FINAL – 9.o lugar com US$ 13.500 e 2.610 pontos:
1.a: Connor O´Leary (AUS) 10,90 x 6,93 Caio Ibelli (BRA)
2.a: João Chianca (BRA) 13,06 x 10,17 Ethan Ewing (AUS)
3.a: Callum Robson (AUS) 10,67 x 9,63 Joan Duru (FRA)
4.a: Samuel Pupo (BRA) 8,53 x 8,40 Ian Gentil (HAV)
5.a: Jack Robinson (AUS) 15,93 x 12,33 Ryan Callinan (AUS)
6.a: Rio Waida (IND) 12,20 x 7,56 Barron Mamiya (HAV)
7.a: Yago Dora (BRA) 14,93 x 14,73 Italo Ferreira (BRA)
8.a: Griffin Colapinto (EUA) 17,00 x 13,33 Gabriel Medina (BRA)
DECISÃO DO TÍTULO FEMININO:
Campeã: Caitlin Simmers (EUA) por 13,50 pts (7,17+6,33) – US$ 80.000 e 10.000 pts
2.o lugar: Courtney Conlogue (EUA) com 12,83 pts (9,00+3,83) – US$ 45.000 e 7.800 pts
SEMIFINAIS – 3.o lugar com US$ 25.000 e 6.085 pontos:
1.a: Courtney Conlogue (EUA) 12,27 x 11,73 Tatiana Weston-Webb (BRA)
2.a: Caitlin Simmers (EUA) 13,00 x 6,04 Macy Callaghan (AUS)
QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar com US$ 16.000 e 4.745 pontos:
1.a: Tatiana Weston-Webb (BRA) 7,80 x 7,40 Molly Picklum (AUS)
2.a: Courtney Conlogue (EUA) 12,60 x 11,83 Sally Fitzgibbons (AUS)
3.a: Macy Callaghan (AUS) 9,03 x 7,94 Yolanda Hopkins (PRT)
4.a: Caitlin Simmers (EUA) 9,93 x 8,66 Sophie McCulloch (AUS)
RANKINGS DO WSL CHAMPIONSHIP TOUR 2023:
TOP-10 DA CATEGORIA MASCULINA – 3 etapas:
1.o: Jack Robinson (AUS) – 23.885 pontos
2.o: João Chianca (BRA) – 22.170
3.o: Filipe Toledo (BRA) – 16.075
4.o: Caio Ibelli (BRA) – 14.150
5.o: Griffin Colapinto (EUA) – 13.875
6.o: Leonardo Fioravanti (ITA) – 12.450
7.o: Callum Robson (AUS) – 10.735
7.o: Yago Dora (BRA) – 10.735
9.o: Gabriel Medina (BRA) – 9.960
10.o: Ethan Ewing (AUS) – 9.395
10.o: John John Florence (HAV) – 9.395
10.o: Rio Waida (IND) – 9.395
——outros brasileiros:
13: Italo Ferreira (RN) – 7.970 pontos
13: Miguel Pupo (SP) – 7.970
18: Samuel Pupo (SP) – 7.405
27: Michael Rodrigues (CE) – 3.990
34: Jadson André (RN) – 795
TOP-10 DA CATEGORIA FEMININA – 3 etapas:
1.a: Molly Picklum (AUS) – 19.490 pontos
2.a: Carissa Moore (HAV) – 17.355
2.a: Caitlin Simmers (EUA) – 17.355
4.a: Tyler Wright (AUS) – 14.930
5.a: Tatiana Weston-Webb (BRA) – 13.440
5.a: Gabriela Bryan (HAV) – 13.440
7.a: Caroline Marks (EUA) – 13.020
8.a: Brisa Hennessy (CRC) – 12.100
9.a: Bettylou Sakura Johnson (HAV) – 11.305
9.a: Macy Callaghan (AUS) – 11.305