A grande pergunta que permeia, a décadas, o cenário do Surf: Por que que as grandes marcas não investem pesadamente no Surf? Este é um fenômeno complexo de explicar. Como esportes também do tipo individual, como golfe ou Tennis, conseguem marcas multinacionais investindo bilhões neles e estas mesmas investem uma ninharia ou nada no surf?
Rasa, apesar de verossímil, é a explicação de que uma pessoa compra uma vestimenta alusiva a estes esportes para ser visualizado parecendo alguém do rico metier dos praticante dos tais. Mas, em contra partida, sendo morador do litoral, ou não, não tem ninguém situado socialmente da classe média baixa para cima ate o topo da pirâmide social, nos países não muito pobres, que não tenha roupas(plural!) de surf no armário.
Mas muito pouca gente tem, nos armários, roupas alusivas aos outros dois esportes do exemplo citado….Outra vertente explica que moda surf mesmo é camisa havaiana florida, e isto nunca se popularizou. E nesta linha, criticas severas de que as grandes marcas do surf estabeleceram as suas repectivas camisas leves, para uso do dia a dia, com seu nome estampado com letras enormes sepultando ou restringindo o mercado pois nem todo mundo quer comprar uma camisa para ser um outdoor ambulante.
Quem surfa, há muito tempo, sabe que no fim dos anos 70 e por toda a década de 80, quando o surf começou a se popularizar, existiam marcas como “Val Surf” onde as camisas tinham desenhos iconográficos nas costas e o mesmo desenho, em miniatura, na altura do peito direito na parte da frente! Lindas, bem acabadas e disputadíssimas por quem tinha dinheiro para compra-las. Nos dias desta época(pré celular e internet) os filmes de surf que chegavam de fora juntavam toda a tribo do surf carioca da época uniformizada de camisas Val Surf com alguns poucos, que já tinham visitado as ilhas, com camisas floridas.
Os filmes passavam em pequenos cinemas undergrounds do Rio, como o pavoroso cine Jussara, com a tribo, sem piscar, empilhada, urrando a todos pulmões a cada take em câmera lenta em meio ao som, a todo volume, permeado pelos acordes da guitarra de Robin Trower ou instrumental do Mike Oldfield, com seu espetacular “Tubular Bells”.
Este proposital comentário sobre a nova tribo que estava se formando serve, também, como explicação de que o estereotipo do surfista era, desde esta época ate a bem pouco tempo, o de ser underground, beirando a marginalidade, visto a enorme porcentagem majoritária da tribo em fumar maconha, um alegrador criminalizado por lei, enquanto os praticantes do Tennis e do Golfe socialmente inseridos como figuras exemplares pois usuários de alegrantes não criminalizados como as bebidas fermentadas, tipo cerveja e vinho, ou destiladas, como whisky e vodka, noves fora o tabaco.
Com esta relação de referências aos tais as grandes marcas de bebidas e cigarros, bilionárias(por serem fabricantes de drogas legalizadas), desde sempre, investiram pesado nestes e em muitos outros esportes individuais, mas não no surf, noves fora alguns momentos temporais, raros e fugazes…
Mas, hoje, o surf como esporte sofre uma mudança de paradigma, menor no mundo e maior no Brasil por conta dos Brasileiros estarem dominando o circuito mundial nos últimos anos. Isto catapultou nosso Gabriel Medina a ser o segundo atleta mais bem pago do Brasil, em 2020 e 2021, perdendo apenas para o Neymar.
Como se ausentou por problemas psicológicos na maior parte de 2022 perdeu algumas marcas…, mas vai recuperar tudo em 2023.
A porcentagem de surfistas que fumam maconha decresceu muito e esta própria droga alegrante vem deixando de ser criminalizada com muitos países legalizando e criando um mercado milionário, a exemplo do álcool e do tabaco.
A maioria dos tops do Surf não usa drogas, lícitas ou ilícitas, e a sociedade ja os tem como “esportistas exemplares” para os jovenzinhos.
Que este novo “status quo” continue progressivo na escala positiva e passemos a ter, brevemente, marcas pesadas investindo em muitos atletas e eventos do Surf!