A Brazilian Storm chegou ao oceano da Web 3.0. O Surf Junkie Club, projeto que utiliza NFTs criadas pelo publicitário e designer Marcello Serpa como passaporte para um clube de experiências e benefícios exclusivos para a comunidade do surfe, se tornou nesta semana a empreitada brasileira mais bem sucedida na internet descentralizada. Após um ano de construção, o SJC colocou sua coleção à venda (MINT) nesta terça-feira (21/03). Ao final do dia 23, 3.280 NFTs foram mintados, um recorde absoluto no país e um feito alcançado por poucos projetos no mundo. A coleção, que inicialmente contava com 4 mil NFTs, “queimou” as artes não adquiridas durante o período de MINT, uma prática comum no mercado de NFTs e que torna a coleção ainda mais rara e valiosa.
A jornada não foi fácil. Uma semana antes do lançamento, o SVB – principal banco a financiar as empresas do Vale do Silício – anunciava estar insolúvel, gerando apreensão em empreendedores de tecnologia mundo afora. No Brasil, a notícia sobre o golpe sofrido pelo jogador de futebol Gustavo Scarpa, vítima de um esquema fraudulento de investimento em criptomoedas, abalou ainda mais a confiança dos brasileiros com o mercado crypto, ainda pouco conhecido e regulado.
Por trás do sucesso do Surf Junkie Club está o esforço da comunidade de surfistas que abraçou organicamente o projeto e ajudou a construir um clube de surfe que, mais do que gerar experiências exclusivas e collabs com marcas renomadas, deu voz e poder aos entusiastas do esporte que mais cresce no mundo.
Para contornar o desconhecimento da maioria sobre a funcionalidade do mercado crypto, os fundadores investiram na educação e no acompanhamento da jornada de compra de seus membros. Além de facilitar a entrada dos novatos ao universo da Web 3.0, viabilizando a compra das NFTs através do PIX, o projeto juntou um time de especialistas para atender as dúvidas e instruir os membros em suas comunidades no Telegram e Discord, além de produzir tutoriais em vídeo sobre todos os processos necessários para a compra da coleção com crypto moeda (ETH), desde a criação de carteira digital, medidas de segurança em marketplaces, até o registro de suas NFTs em mercados secundários, como a OpenSea.
Para o publicitário Caio Mattoso, um dos fundadores do Surf Junkie Club, a força da comunidade do surfe e a presença brasileira na internet foram fundamentais para o sucesso alcançado. “Para quem não é familiarizado com a Web 3, a jornada de aprendizado pode ser desestimulante. Mas a comunidade que se aglutinou em torno do Surf Junkie Club mostrou que se identificou com o projeto e teve comprometimento para permanecer engajada mesmo ante as dificuldades que enfrentamos ao longo do caminho. A procura foi tão grande que no dia do MINT tivemos problemas como a interface do PIX, quando muitos realizaram o pagamento e não receberam imediatamente a confirmação da compra. Por incrível que pareça, isso estimulou a comunidade a colaborar na busca de soluções e o que poderia ser um motivo para questionar a legitimidade do projeto, tornou-se um momento de coesão e união da comunidade. O problema foi solucionado, todos receberam suas NFTs e a coleção foi destaque nos serviços de monitoramento de transações da rede Etherium”.
Quando analisamos cases de outros projetos de NFTs, tanto brasileiros como internacionais, a grandeza do que foi concretizado pelo Surf Junkie Club fica ainda mais evidente. A Havaianas, uma das marcas brasileiras com maior presença global e uma base sólida de brand lovers, lançou em novembro de 2022 uma coleção de NFTs em parceria com a empresa Oiasys e toda estrutura do Grupo Alpargatas. A coleção, que foi nomeada Havaianas NFTh, vendeu apenas 296 artes, distribuídas em 146 carteiras digitais. Em contraste, os mais de 3200 NFTs do Surf Junkies Club estão distribuídos entre 687 donos, uma base ampla e coesa da comunidade do surfe.
Outro projeto criado para a comunidade do surfe ainda em 2021, momento de alta e grande volume de vendas de NFTs, a coleção Surf Punks vendeu 499 artes, controladas por 349 donos. A discrepância entre o projeto global e o Surf Junkie Club é latente e reforça ainda mais a força da comunidade brasileira de surfe e sua presença na internet.
Para Marcello Serpa, criador das artes e membro fundador do Surf Junkie Club, é a potência desta comunidade que irá atrair ainda mais marcas para parcerias com o clube. “Hoje, quem quer falar com a comunidade do surfe tem que trabalhar um público muito amplo, é uma comunidade muito diversificada. O que o Surf Junkie Club criou foi um espaço com os membros mais engajados da comunidade, um círculo coeso e influente que tem voz no esporte e no estilo de vida do surfe”.
Já Felipe Baracchini, fundador e gerente geral do Surf Junkie Club, destaca o reconhecimento que o projeto alcançou não apenas entre os amantes do surfe, mas também entre atletas profissionais, personalidades e marcas nativas do surfe. “Nós criamos um projeto que não vai comercializar a comunidade, por isso mesmo estipulamos um valor acessível, que compensa a taxa mais alta da rede Etherium, que é a mais segura”, explica. “O SJC reconhece o valor da nossa paixão pelo surfe, por isso temos tantas lendas entre os membros e tantas marcas que nos procuraram para fazer parte da nossa comunidade. São marcas que, assim como nós, valorizam e respeitam o que foi construído e compartilham o amor dos membros pelo surfe”.
Informações sobre as vendas
Nas 60 horas de duração do MINT, o Surf Junkie Club teve 3280 NFTs mintados. Deste montante, 1.000 NFTs foram transferidos por Airdrop aos fundadores, equipes, parceiros e formadores de opinião que ajudaram a construir o projeto desde o começo, como forma de pagamento.
Outros 2.280 NFTs foram mintados pela comunidade, a um preço médio de R$ 500 (incluindo taxas de rede), sendo que 37% destas transações foram realizadas através do PIX. A receita gerada pela coleção superou 1 milhão de Reais.