Meu objetivo ao compartilhar com vocês o que me ocorreu é alertar a todos de um possível acidente (está mais para desastre mesmo) que pode acontecer a todos que surfam na Macumba. Era um dia nublado, de praia vazia, com um bom swell de sudeste, daqueles em que o canal fica perfeito para as escolinhas de surfe, com boas marolas e pouca corrente, e lá fora boas ondas de 1.5m.O canal estava lotado de alunos, as escolinhas aproveitando ao máximo a boa condição para aprendizado.
Na hora de entrar no mar, como o swell estava bem de lado, passando por fora, não tinha necessidade de eu entrar pelo cantinho da pedra, então fiz o que a maioria de nós faríamos: entrei um pouco mais para o lado do posto 12, de modo que eu me afastei o suficiente dos alunos das escolinhas para não os atrapalhar, nem correr riscos.Aí que veio o grande susto (ou livramento?). Na hora de entrar, eu reparei que tinha um barco de pesca vindo em direção à praia, mas estava muito longe. Algo como na direção da ponta da pedra da Macumba. Era quase um ponto no horizonte e, depois disso, esqueci completamente desse barco.
Entro no mar, começo a furar as ondas, uma, duas, vem uma marola, furo ela e, de repente, O BARCO PASSA À TODA VELOCIDADE A MENOS DE UM PALMO DE MIM. Eu gritei de susto, o piloto gritou, ele passou, eu olhei para trás, em choque, vendo o barco que quase me atropelara e o piloto também olhou para trás para ver quem ele quase passara por cima.Por uma fração de segundos, trocamos um olhar, ambos surpresos, ambos assustados.
O piloto simplesmente teve a mesma ideia que eu. Ao ver o canal lotado de alunos das escolinhas, escolheu para sair do mar o mesmo caminho que eu escolhi para entrar nele. Ou seja, onde , para ele, não havia ninguém. E eu realmente estava invisível para ele, pois eu estava deitado na prancha, furando as ondas e, portanto, coberto pelas espumas. Para ele, eu apareci tão de repente, quanto ele apareceu para mim.
Foi muito perto. A sensação que eu tive é que ele passou a meio palmo de mim e passou rápido, não correndo, claro, mas com velocidade, pois ele pretendia emborcar o barco direto na areia, como normalmente se faz. Eu vi toda a proa do barco passando a centímetros de mim em fração de segundos. Sorte, livramento, podemos dar o nome que for, mas, certamente, foi aquela experiência em que por um segundo, por menos de dez centímetros, minha vida teria mudado totalmente e para bem pior. Na verdade, acho que o choque seria fatal, ou não ia sobrar muita coisa de mim.
Enfim, fica a dica, pois pode acontecer com todos nós. Antes de entrar no mar, atenção aos barcos que chegam, pois se o canal estiver lotado de alunos, o piloto vai tender a vir para a praia mais pelo lado.
De resto, agradeço o livramento, ainda que eu também creia em sorte, mas não me custa nada acreditar e ser grato também à turma lá de cima, certo?